segunda-feira, 11 de abril de 2016

O primeiro turno para o governo Cunha. Se fraquejarmos, é isso o que teremos

barata

Hoje – ou melhor, amanhã, porque como bom golpismo ele entrará pela madrugada – teremos o “primeiro turno” da instituição do governo Eduardo Cunha no Brasil.
Esqueçam Temer, Aécio, Serra. Alckmin.
O comandante da operação de derrubada de Dilma é, incontestavelmente, Eduardo Cunha.
Ao ponto do insuspeito Jorge Bastos Moreno registrar, em O Globo, que o “relator da comissão (do impeachment, que votará hoje)só se desloca para a comissão do processo após pedir a benção a Eduardo Cunha”.
E é preciso ser muito tolo para acreditar que Cunha derruba um governo sem acordos e garantias de que não será, ele próprio, tragado pela montanha de provas e denúncias que tem contra si.
Tolice igual é pensar que ele terá o comportamento “republicano” – não quero repetir a palavra tolo – do PT em relação ao Judiciário, ao Supremo especificamente, e ao Ministério Público.
(aliás, aposto um doce que desaguará sobre eles uma onda de mansidão se o golpe parlamentar vingar)
Não é à toa que, hoje mesmo, Cunha comemora seu “avanço” – de 8 para 11% de apoio, vejam no Noblat – à sua posição de comandante do impeachment.
Vai ao poder, se consumado o golpe. gente que nem a metade isso teria se disputasse os votos do povo brasileiro.
É evidente que um governo instituído assim não teria condições de sustentar-se senão pela força e pelo arbítrio.
Sei que o amigo e a amiga, tal como eu, tem uma mistura de constrangimento e nojo em ver esta situação e ler um noticiário que esconde do povo brasileiro esta repugnante verdade. Pior ainda, que a traveste de uma impossível “restauração da moralidade”.
Mais de uma vez já disse: infelizmente, não temos o direito de nos isolarmos. A palavra que eu queria usar era do espanhol, aislarse, fazer-se ilha, como nas Meditações, de John Donne, clérigo e poeta inglês do século 17:
Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.
Não há remédio possível senão a rua, porque as nossas instituições garantidoras da democracia agem como se ela pudesse ser guardada por uma lesma quando ferozes panteras a destroçam.
Estamos nos chegando ao momento de decisão e hoje é seu preâmbulo.
Que não sejamos ilhas, que sejamos mar.

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