Por Wanderley Guilherme dos Santos, no blog Segunda Opinião
A investigação Lava está à beira de implodir em razão do delírio
ideológico dos promotores e do Juiz por ela responsáveis. A retórica
desabrida, satanizando tolices, a desinformação e, pior, a antecipação
de lances futuros, alguns fora da competência do Juizado curitibano,
dificultam a distinção do que é prestação de contas, propaganda,
dissimulação e wishfulthinking. A palavra “indício”, por exemplo, deixou
de “indicar” algo e passou a gigantesca evidência, como o enxofre, da
inconfundível presença do demônio. O óbvio planejamento de intervenções
espetaculares de acordo com a temperatura política, e o crescente
atrevimento com a descabida e prepotente condução coercitiva do
ex-presidente Lula da Silva, resultam da complacência das autoridades
superiores, no Executivo, Legislativo e Judiciário Trata-se de
comportamento inquisitorial pré-concebido, insultando frontalmente as
crenças cívicas da maioria dos pobres brasileiros e contaminando
negativamente as expectativas da população, em geral.
À falta de, até agora, comprovados crimes de acumulação econômica
ilegal, por parte do ex-presidente Lula, policiais e procuradores
transformam um inquérito da mais absoluta pertinência e tempestividade
em malabarismos de sessão matinal circense em torno de pedalinhos, um
sítio e um tríplex. Ainda que fossem doados mediante recursos de uma
“vaquinha” entre todas as grandes empreiteiras nacionais, e durante o
mandato do ex-presidente, a questão é: e daí? – Sem comprovação de que
alguma delas foi direta e ilegalmente beneficiada por intervenção do
presidente (e não a mera suspeita, pois alguma sempre ganhará
concorrências) aceitar os pedalinhos seria criticável, mas de limitado
atentado à moral e ao patrimônio público. Ora, não só não apareceram
provas, nem mesmo, ao que saiba oficialmente, delação de ninguém a
respeito de nada, como os procuradores estão desviando o olhar da
população do que é fundamental: a acumulação econômica ilegítima via
predação de patrimônio e recursos públicos. Com o aplauso dos que
consideram que delação justifica coação e até prisão estão dando
cobertura ao diversionismo midiático, cúmplices dos ladravazes
enriquecidos por acumulação econômica ilegítima.
Comparar o absurdo acúmulo pessoal de riqueza por parte de
empresários, políticos e altos burocratas a um sítio supostamente
presenteado a Lula, é sandice, péssima utilização do mandato
investigativo que a sociedade lhes paga: onde estão as contas no
exterior, coleções de obras de arte, veículos, propriedades rurais e
urbanas para exploração econômica, viagens regulares por conta própria e
passadio de primeira em Paris, Londres, Nova Iorque? Onde se esconde o
acervo de joias de d.Mariza? E seu guarda-roupa de grife? Sítio em
Atibaia e tríplex em Guarujá que nem do casal são? Ora, trata-se de
outra manifestação de preconceito, presumindo que Lula, de origem pobre,
tisnaria sua dignidade e a da função que ocupou interferindo nas ações
públicas por preço tão vil. Claro, corrupção mesmo, a sério, só para
eles, bem nascidos e mal acostumados.
Os responsáveis pela investigação devem um balanço claro da Lava-Jato
e da expectativa de prazos de conclusão. Claro que a descoberta de
evidências (não “indícios”) provoca alteração em cronogramas, mas a
existência de um quadro de referência é indispensável para que o
jornalismo possa acompanhar e a opinião pública possa avaliar se estão
sendo eficientes e produtivos ou meramente difamadores e garotos
propaganda de televisão.
Com a coação física e moral do ex-presidente Lula os responsáveis
pela Lava-Jato talvez venham a se revelar indignos dos privilégios que
desfrutam. O ex-presidente é um dos mais importantes recursos políticos
dos miseráveis deste País, líder de governos capazes de provocar
justamente esse ódio amparado em toga. Destruí-lo, seria uma derrota
imensurável para os pobres e humilhados; destruí-lo injustamente,
aproveitando os privilégios de classe e corporação, é inaceitável. Se
for comprovada a precipitação e o infundado da coação ao ex-presidente, o
insulto não poderá passar em branco. Juízes e procuradores deverão
pagar pela ameaça em que se constituíram aos pobres do Brasil. Pedidos
de desculpa serão insuficientes. Hora de preparação para o que estão
pedindo. No grito, não mais.
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