sábado, 12 de março de 2016

Líder político se esconde sob a toga de um juiz

Saturnino Braga, na Carta Maior

  
O Brasil vive um momento de profunda e perigosa divisão política que faz lembrar o mesmo mês de março de 52 anos atrás. Estou em suspenso, como toda a Nação, na expectativa do que pode acontecer de grave em confrontos de rua no próximo domingo.

Claro que há muitos fatores e razões na causação deste confronto tão profundo e oneroso. Acho mesmo que há fatores externos, interessados no desmoronamento de um projeto brasileiro deflagrado em 2003, como tenho dito repetidamente.

Mas há, obviamente, também fatores internos: a mesma mídia de 64 e de 54, o mesmo grupo político que se opõe a todas as tentativas de implantação de um modelo de desenvolvimento que priorize a justiça social e a autonomia nacional, tentando desqualificá-lo com o adjetivo de populista; o mesmo grupo que levanta sempre a bandeira do combate à corrupção.

O processo de confronto é, evidentemente, político na sua essência, e sua liderança deve ser assumida por figuras políticas, declaradamente políticas, limpidamente políticas, com foi, por exemplo, Carlos Lacerda naqueles tempos.

Desta feita, entretanto, o líder político se esconde sob a toga de um juiz. Aparece com a face de um magistrado austero e rigoroso mas age sob sua outra face, oculta, a de um político matreiro, que faz jogadas espetaculares, estrategicamente combinadas com a mídia, vazamentos selecionados, tudo com o propósito de desmoralizar perante a opinião pública um partido político, o PT, e derrubar o seu governo conquistado legitimamente pelo voto. Quer imitar a justiça italiana no combate à máfia, como se o PT fosse comparável, no seu pré-julgamento, à camorra assassina

O juiz Moro, é um radical, desprovido desta  qualidade essencial da autoridade que é o bom-senso; o juiz Moro tem duas faces, e isto é muito desonesto.

Esta é a minha opinião; esta é a minha grande preocupação.
 

A minha esperança está no bom-senso do povo brasileiro, nisto que falta ao juiz; no bom-senso de deixar passar este dia 13 sem confrontos nem radicalismos, na convicção de que o Brasil sairá de mais esta crise, sem traumas nas suas instituições democráticas, e retomará seu desenvolvimento. E punirá de forma exemplar, pelo julgamento adequado e sereno dos seus tribunais superiores, os que realmente cometeram atos de corrupção com dinheiro do povo.



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